Falta de amor me resulta em gordura – e ausência de compreensão faz todo o lipídio que eu ingeri virar espinha. Eu ajo o tempo inteiro com amor, mas, na verdade, no sentido literal da expressão, eu não recebo amor: eu sou mal amada.
Se for pra ser mal amada, eu quero ser mal amada dos dentes brancos, do cabelo arrumado e da pele boa. Se todo cara que for ruim pra mim resultar numa acne, minha glândula sebácea vai trabalhar em função do cérebro que, no meu caso, funciona e bate como se ficasse no coração! E existe coisa mais perturbada do que oleosidade depender de hormônio adolescente da paixão? Vou dar um jeito.
Vou bater o meu “amor ao próximo” no liquidificador, dividindo metade em ‘amor ao próximo que merece’ e a outra parte em ‘amor próprio’. A metade sólida, que vai ser a casca da laranja espremida, será o meu amor individual, intocável e lindo por mim mesma. Enquanto isso, o sumo, cheio de átomos maleáveis e moléculas que, se começarem a colidir rápido demais – por conta de piti-nervoso – evaporam e viram gás… E, deixando de ser parte do suco, deixam de ser amor.