Demorei anos pra entender os motivos das minhas neuras comigo mesma. Era meu nariz que não era o mais bonito. Meu peso. Cabelo. Olhos. Boca. Cheiro. Menstruação. Pelos. E a parte psicológica? Bom, eu era uma menina não muito diferente das outras, mas minha cabeça estava sempre a mil por hora, e ninguém dava muita bola para os meus “dramas adolescentes”. Afinal, pro resto do mundo era só isso. Que bom que a gente cresce e amadurece, né? Ainda bem!

Mesmo com o fim da adolescência, eu continuei não me sentindo confortável comigo mesma. Na minha própria pele… Pensava que podia ser algo relacionado a baixa autoestima, que podia ser apenas coisa da minha cabeça, como eles diziam. Mas, pra todo lado que eu olhava, via mulheres num padrão de beleza quase inatingível – e um monte de propagandas tendenciosas que mostravam a gente como um grande troféu. Eu não era daquele jeito! Eu não sou daquele jeito.

Aquela pele bronzeada quase laranja, corpos sarados, aquelas mulheres sorrindo nas fotos comendo salada… Eu simplesmente não levo jeito pra isso. E, mesmo se eu levasse, ninguém ia ter nada a ver com isso! É a minha vida; minhas regras.

Quando a gente para pra se olhar no espelho e se depara com as imperfeições, vamos passeando pelo nosso corpo, pelas neuras e pelo impulso de esconder o que nos incomoda. Isso acaba tirando a magia de se admirar, se amar e pensar como cada um tem um tipo de beleza! Perdemos a magia de nos olharmos de perto e com atenção aos detalhes mais lindos. De perceber todos esses detalhes.

Já parou pra pensar como as cores dos seus olhos são fantásticas e mudam de acordo com a luz? Percebeu o quanto seu cabelo combina com você? Não é um charme aquela dobrinha? Dá até pra rir das espinhas que aparecem nos piores momentos e dos cravos que nunca colaboram! Não precisamos lutar a vida inteira contra nossas imperfeições, muito menos tentar escondê-las pelo resto dela.

“Você não pode passar o resto da sua vida com medo das pessoas te rejeitarem. Você tem que começar não rejeitando a si mesma. Você não merece isso!”

Passamos um tempão nos comparando com todas as mulheres ao nosso redor… Nunca estamos satisfeitas. Já parou pra reparar? Cada uma tem algo que queríamos muito ser/ter – e que talvez nem elas próprias saibam que tem qualidades admiradas por outras pessoas. Então, posso dizer que você também tem talentos, méritos e beleza onde não vê! Acredite, você tem, sim. Mais do que imagina!

Às vezes, temos tanto pra oferecer pro mundo e não o fazemos apenas por medo! Medo do que vão pensar, falar, julgar. Medo que impede de andar, medo que dá um nó na garganta. O medo de se olhar com carinho e admitir: “é, acabei me tornando uma pessoa legal”. E pensar em melhorar, sempre. Porque ninguém é maravilhoso o suficiente pra simplesmente parar de tentar ser uma pessoa melhor. Somos legais, mas em constante processo de construção. Transformação. Desconstrução.

O difícil é gostar de si mesma no final das contas, com tanta coisa que se passou. O tanto de gente que amamos, o tanto de gente que deixamos. Quem conhecemos e quem deixamos de conhecer a medida que o tempo foi passando. Mas saiba que todo mundo carrega dores, pessoas, arrependimentos, mágoas e afins. E é isso que nos torna humanos! Aquele mix de sentimentos e histórias pra contar.

Não tenha medo de dizer que está bem consigo mesma. E, se ainda não estiver, chegou a hora de se gostar! Não é preciso travar uma batalha constante com seu corpo e sua mente. Se aceite! Você não precisa ser a louca das dietas só porque está “na moda”. Mas, se tiver vontade, seja! Seja o que quiser. Não é motivo de vergonha ou culpa se sentir ok na própria pele. Por mais que as influências externas digam o contrário, o que importa mesmo é quem você é! Sempre. Fica bem, moça ❤️