“Levanta da cama, acorda pra vida”  –  “Não dá pra viver desse jeito”  –  “Seja forte!”

Eu
sei
disso.

Sei que preciso acordar cedo, sentir o amargo do café na boca, arrumar a cama e tomar um banho. Mas, se vocês realmente soubessem como me sinto, saberiam que essas tarefas se tornam trinta vezes mais difíceis de se realizar quando sombras e fantasmas invadem a minha história. Já não consigo sair de casa como antes e tenho ouvido bastante que não é pra tanto, porque tenho a faca e o queijo na mão. Eu bem queria ser feliz com pouca coisa, rir por bobagens, falar por horas sobre as coisas mais mirabolantes… Só que eu simplesmente não consigo. Não consigo sorrir nem pra foto, muito menos pra quem está comigo. Não consigo me erguer sem sentir que estou carregando um elefante nas costas! Na verdade, queria ficar 24h por dia na minha cama. Já me levanto pensando no momento de voltar pra lá.

Ah, se soubessem que eu sei a essência de cada uma das frases que tanto repetem e usam pra me colocar pra cima… Estou cansada de saber que preciso ser forte, eu sei que preciso levantar, sei que preciso tomar banho. Eu sei! Só não consigo realizar essas tarefas como se fossem simples, porque pra mim não são. Gasto toda a minha energia fazendo o essencial, e é claro que não consigo me sentir bem por ter esse tipo de dificuldade. Dói ver a vida passando, as pessoas evoluindo e eu aqui, sem conseguir criar coragem nem pra fazer o básico do básico.

Quando me pedem pra ser mais forte, tenho vontade de dizer que, se eu assim fosse, não estaria nessa situação. Em alguns momentos, fica impossível ser forte. Às vezes, as pessoas precisam desabar até mesmo pra crescerem e amadurecerem. E é uma pena que tanta gente precise passar por isso! Quando me pedem pra fazer mais uma forcinha, tenho vontade de chorar alto, gritar por socorro e esperar que alguma ajuda caia do céu, porque é minha única esperança. Quando me pedem pra acordar pra vida, tenho vontade de descrever como eu a enxergo e tudo que ela me ensinou na marra. Eu não quero acordar pra uma vida como a minha, é simples.

As pessoas não entendem que é difícil demais viver uma vida com a sombra da depressão, ansiedade e seus outros transtornos. Tem horas em que é complicado respirar, se mexer e até mesmo pensar – porque dói. E dói muito, dói em todas as partes do corpo! É uma dor sobre a qual não temos controle, assim como uma dor de cabeça ou uma dor de estômago… Só que essa é muito mais grave e persistente e, geralmente, não é tratada com a seriedade com que deveria.

Eu quero melhorar, sabe? Não quero ficar no fundo do poço, muito menos viver o resto dos meus dias tirando forças de onde nem sei só pra tomar um banho, comer um prato de comida ou até mesmo sair de casa. Não quero conviver com essa doença pra sempre, mas, no momento, eu  só preciso de um pouquinho de compreensão. Um pouco de carinho e de atenção também seriam bem vindos! Quando eu me sinto vulnerável, só preciso de um abraço. Quando eu me estresso, só quero alguém pra ouvir minhas preocupações. Quando ninguém me escuta, só desejo um mega-fone pra poder desabafar. Quando eu me sinto mal, só preciso de um ombro amigo pra chorar. E não tô pedindo nada de mais!

Eu só quero o mínimo de respeito à minha atual condição. Eu preciso de um pouco de paciência, por tempo indeterminado, pelo menos enquanto exercito a minha. Médicos, psicólogos, psiquiatras, remédios, terapias, espiritualidade… Tudo isso pouco adianta se as pessoas ao meu redor não entenderem que, o que parece frescura ou drama, na verdade é dor, esgotamento de forças e puro sofrimento.

Na próxima semana, será lançado o meu primeiro eBook – “Manual das pequenas coisas para ser feliz”. Espero ajudar pessoas que passaram por maus momentos a lembrarem que é nas coisas mais simples da vida que a felicidade mora! Curta a fan page no Facebook para ficar por dentro de tudo.