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Viver por mim mesma

Estou precisando sobreviver às minhas expectativas. Ando aguardando demais os meus sonhos, flutuando demais sobre um mundo em que eu deveria ter aprendido a manter os pés firmes no chão. E eu não quero dizer adeus, eu não quero apagar todas as histórias que escrevi, não quero deixar dentro da caixa as minhas vitórias. Mas é que hoje todas as minhas conquistas andam desgastadas. Quero tanto mostrá-las, mas ninguém quer ver além do que uma simples caixa bem feita. Todavia, precisei de um pouco mais de tudo. Precisei demais de um amor, precisei demais de uma atenção exagerada. Morei sob o mesmo teto que a distância – o abismo – e aqui dentro nunca foi suficiente para as toneladas de carinhos. O que vale um carinho, se o vazio está perfurado de incompreensão?

Sei que ando perdida, sei que ando precisando demais de mim mesma. Precisando sentir mais, sentir para escrever, sentir para declarar. Estou precisando de músicas que dancem comigo, precisando de pessoas que consigam me dar sorrisos sem que eu peça. Ando cansada das poesias fajutas, das palavras ilusionárias.

Prendi-me demais dentro de mim mesma e, sinceramente, não quero sair. Quero conquistar tudo sozinha. Acho que o grande desafio da vida está aí: batalhar por tudo que se quer, sozinha. Ninguém fará isso por mim, sou eu e eu; ninguém nem nada mais.

Cansei de depender de amor, depender de carinho para viver. Alguém me disse que não é só de amor que se sobrevive. Pronto, estou decidida, vou deixar o meu coração sozinho por um tempo, ele precisa se acalmar um pouco… Ele já pulou demais, precisa de descanso. Está na hora de trancar dentro deste baú apenas o necessário. Livrar-me do romantismo, das cartas de amor; mas ainda pertenço a algumas… Como aquele pedido que eu nunca deixei ser enviado:

 

Se perguntarem por mim, diga que fui embora para bem longe, diga que não quero viver para ele, não quero viver para mim, quero os momentos. Diga que a culpa não foi minha, que a culpa não foi dele. Foram as palavras, elas iludiram demais, as palavras foram a água que nos afogou. Apenas diga que vou me lembrar dele como alguém vago, diga que vou guardá-lo aqui dentro e que, todas as vezes que eu disse que o amava, era verdade. Diga que o recado é um pouco longo, mas eu preciso que ele entenda que eu não posso me prender ao impossível, não posso mais me prender aos quilômetros. Diga que agora ele pode contar que “nós” existimos, que as ligações e todas as juras banais de amor foram reais. Que ele foi o meu príncipe, e que não foi meu amor fictício… Porque estou indo embora, e não quero levar vestígios dele comigo. Diga também que eu peço desculpas por não querer levá-lo dentro da minha mala. Mas preciso preenchê-las com outros… Outros melhores do que ele, que eu sei que existem.

 

Virei apenas passagem de ida e volta para as pessoas… Para qualquer um. Está mais que explicado que amor nunca foi feito para mim. Ando desistindo até de comédias românticas! Preciso de filmes de drama, de realismo, preciso enxergar que não sou a única a escolher viver sozinha, que não só eu que tem uma vida refém da dor.

Que solidão
Solidão que me invade
Solidão que me amarga a alma
Essa dolorosa injeção no coração
que formiga a carne
Solidão minha. Solidão da vida

Vida sem amargura, não existe.
Não existe vida sem se permanecer a dor.

 

Para mim, para você. Despedida nunca enviada. Vivendo sem amor. Vivendo por momentos. Vivendo apenas por escrever.

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4 opiniões sobre “Viver por mim mesma

  • 13 de fevereiro de 2012 em 11:58
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    Geralmente as pessoas q são dependentes da atenção e carinho dos em sua volta,além de infelizes,se tornam um fardo p os outros.

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  • 13 de fevereiro de 2012 em 20:17
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    Josiane, também concordo. Pessoas que deixam de viver para querer atenção dos outros, são pessoa inseguras e infelizes. Acho que a ideia do eu-lírico é passar isso.

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  • 13 de fevereiro de 2012 em 20:45
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    Concordo que somente nós podemos nos completar. Não há verdade na ‘metade da laranja’, para ser feliz, antes tem que ser feliz consigo mesma, para poder ser feliz a dois. Aquele que aprende a viver consigo, não sente a solidão e portanto não sofre. Aqueles que não sofrem atraem pessoas que sabem ser feliz, fechando um ciclo. Vivo assim e estou muito bem, valhe a pena. Abraços.

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  • 21 de fevereiro de 2012 em 17:35
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    ótimo texto !
    as vezes, tbm me sinto assim , querendo deixar tudo q o coração sente de lado, esqueçer, fingir q nada aconteceu . apelar apenas para a razão é dificil, mas, nessas horas, é necessario .

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Renata Rocha


Renata Rocha, 25 anos, mineira de BH. Estudante de jornalismo e terapeuta holística, é completamente apaixonada por ler, falar (muito) e escrever. Louca pelo universo feminino, ama assuntos sobre beleza e tudo relacionado à maquiagem, cabelos e unhas – o que é trazido há 8 anos neste blog. Pisciana que pensa com o coração, vive de sonhos e palavras!



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