O barco furou e eu escolhi me afundar nele. Escolhi que, quando ele chegasse ao fundo do mar, eu também viraria água… Que quando meu rio interno vazasse, eu faria parte dessas águas pra ninguém ver que fui derrotada, que me destruíram, que me colocaram dentro de histórias e me deixaram num estado de terror. Eu não corri até a praia, eu morri aqui mesmo no meu oceano. A mente não matou ninguém ainda, mas algum dia fará um coração inocente cometer suicídio.
Nosso amor, que sufoca entre tantas despedidas, faz a alma relutar com a vida. Não sabemos dizer adeus sem a esperança de se cruzar de novo por aí. O amor ainda grita e faz a minha alma querer amar seus sonhos de novo. O amor ainda sonha com os beijos de boa noite, com os abraços que gostaria de dar, com todas as palavras que gostaria de segurar pra você e todos os sentimentos que queria te fazer sentir pro seu mundo ser mais leve. Ser bonito e meu… Feito de liberdade pra sentir, como passarinho que se arrisca a voar pela primeira vez.
O coração pesa nesse corpo. Existe um baú de desejos que a vida não me deixou ter. Eu não quero me afogar no meu medo! Eu quero é seus olhos nos meus, quero sentir a profundeza que é beijar a sua boca, quero seu corpo tão dentro de mim. Sussurrar dez, vinte, cem vezes que te amo… Até perder o sentido. E, em volta e meia, acharmos um significado novamente.
O baú já está cheio de escritos, mas estou querendo reescrever e sentir o amor de novo em todas as pazes que fizermos, em todas as lágrimas que amargarem nossos corações. Quero, mais que qualquer desejo, deixar as desculpas de lado e viver! Passar a vida sabendo que fiz o meu máximo, que dei amor suficiente à sua alma, que doei tudo que podia ser capaz de doar.
Enquanto me transformo em água, meu coração é a única coisa sólida. A única coisa que me resta. A única coisa que não foi fraca e continuou te amando, continuou guardando o som da sua voz e todos os sonhos – tantos, que tornaram nossos corações enormes em pessoas tão pequenas.