Eu lembro que quando era pequena, devia ter uns 6 anos e minha irmã 9, meu pai foi fazer um curso no exterior durante alguns meses e nós duas ficamos muito carentes… Eu não sei bem se foi por isso que minha mãe apareceu com um filhote de poodle preto lá em casa, mas com certeza foi uma distração válida, além de uma prova de amor e tanto. Digo isso porque, depois de anos, descobri que ela não era nem um pouco fã de animais de estimação e nunca gostou de cachorros, mas foi a solução que encontrou para que eu e minha irmã parássemos de choramingar de saudade do pai.

Mas, desde o começo, minha mãe ditou as regras para mantermos o cachorro, e nos ensinou que tínhamos que ser responsáveis: pra dar banho, pra passear, pra limpar a sujeira no quintal todos os dias, pra lavar a casinha… Só que nós éramos novas e não sabíamos muitas coisas sobre animais de estimação, então cada semana era um aprendizado que rendia uma história divertida.

Por exemplo: na primeira semana lá em casa, o bicho chorava toda noite. E numa época sem Google para salvar vidas, uma mulher e duas crianças em casa não faziam ideia do que fazer pra acalmar o filhote. Por sorte, eu tinha um primo todo ligado nos bichos, que disse que o cachorro chorava porque sentia falta da mãe… E a solução era enrolar uma peça de roupa velha nossa numa bolsa de água quente e colocar na cama do poodle junto com um relógio tique-taque, porque o filhote associa o barulho do relógio aos batimentos cardíacos da mãe, e com o calor da bolsa ele acha que tem outro cachorro dormindo com ele. Aí depois de um tempo, a coberta pega o cheiro dele e ele se acostuma a dormir sozinho.

Minha infância (e adolescência) foi um pouco diferente do que eu vejo por aí. Hoje em dia os interesses andam muito mais voltados para Nintendo Wii e Facebook, mas no geral, todas as pessoas que gostam de bichos já quiseram ou querem ter um animal de estimação! Se você, leitora linda e online sonha em ter aquele pet, mas tem várias dúvidas ou simplesmente não conhecia o esquema do relógio-cobertor, nós estamos aqui pra te salvar!

Em primeiro lugar, é importante manter um diálogo com sua família. Um animal em casa requer algumas adaptações na rotina familiar e certas coisas devem ser levadas em consideração, tipo:

• Sua família viaja muito. Precisam discutir se é possível levar o animal, ou se existe alguém que possa tomar conta dele durante essa ausência;

• Idas ao veterinário, ração e acessórios trazem gastos. É preciso discutir se a família terá condição de arcar com essas despesas;

• Você mora em apartamento e quer ter um gato. Há a necessidade de colocar telas de proteção nas janelas, para evitar que ele se machuque;

• Sua mãe tem rinite. Essa condição pode se agravar com a presença de um bichano;

• O animal precisa de um tempo pra se adaptar ao novo lar e para acostumar-se com certas regras da casa, como não roer móveis ou afiar garras nas cortinas. Todos precisam ser pacientes durante essa fase.

Levanto esses pontos porque conheço muita gente que comprou um labrador depois de assistir “Marley & Eu”, sem ter a menor noção do que estava fazendo; ou então, comprou um gato dizendo “pode deixar que eu limpo, mãe, que eu dou banho, que eu levo ao veterinário” e duas semanas depois esqueceu das promessas, largou pros pais cuidarem e não entendeu porque a mãe deu o felino de presente pra uma prima. Todo mundo precisa estar de acordo com a decisão de ter um bichinho no lar e é essencial que haja sinceridade: se você disse que ia se responsabilizar por isso ou por aquilo, cumpra! E o outro lado também se aplica, obviamente: se alguém na sua casa quer um bichinho e você acha que não vai se adaptar, converse sobre isso e deixe clara a sua opinião.

Passadas as negociações iniciais, é preciso refletir sobre o tipo de animal que você quer e o tipo de animal que de fato você pode ter. Se você ama dálmatas, mas mora num apartamento modesto perto da faculdade, compre um cachorro menor e assista aos “101 dálmatas” – da Disney junto com ele.

Cada espécie tem suas características marcantes… Gatos tem hábitos noturnos e são muito mais independentes do que cães, por isso, se você mora sozinha e passa muito tempo fora de casa, essa talvez seja uma opção adequada. É necessário avaliar a sua rotina e sua moradia antes de decidir qual animal você quer, justamente para não se arrepender depois. Estou falando principalmente de cães e gatos porque são as opções mais comuns, mas se você quer uma iguana, um coelho ou periquito, bom senso não deixa de ser essencial. 

No caso de animais exóticos, a atenção e o cuidado devem ser dobrados principalmente em dois aspectos: certifique-se de que terá acesso a um profissional da área veterinária especializado, nem todo hospital veterinário está equipado para receber tartarugas ou papagaios; e claro, nunca, sob hipótese alguma, adquira animais exóticos de estabelecimentos sem registro e autorização do IBAMA. Animais exóticos exigem licença diferenciada de comercialização, documentos que comprovem sua origem e, em alguns estados brasileiros, já é exigido que o animal tenha implante de microchip para rastreio em caso de roubo. Tráfico de animais exóticos, silvestres ou selvagens é crime inafiançável. 

Agora que você já sabe qual é o companheiro ideal para o seu dia a dia, que tal um pouco de solidariedade? A população de cães e gatos abandonados ou que sofrem maus tratos cresce diariamente por diversas razões. Existem pessoas que compram cães, gatos e periquitos sem levar em consideração metade dos alertas que eu faço neste post e, como não se adaptam ao novo pet, acabam abandonando-o; ou ainda, negligenciam a castração de seus animais e, depois que uma ninhada indesejada acontece, abandonam os filhotes por aí. Procure o abrigo animal de sua cidade e informe-se a respeito, é possível adotar filhotes e adultos, de ambos os sexos, muitas vezes castrados e vacinados!

 Adotar é um ato de amor!

Clah